Nós nos deparamos com tantas pessoas em nossa trajetória profissional e nem sempre nos perguntamos como foi que elas chegaram ali.
O escritório nasceu após doze anos da minha atuação como advogada em escritórios de advocacia de Belo Horizonte/MG, precedidos de atuação com comércio internacional e estágio em multinacional. Antes de fazer Direito, cursei a Escola de Formação Gerencial do Sebrae/MG, e desde então o empreendedorismo faz parte da minha vida.
Tão importante quanto a minha formação acadêmica, no entanto, é a trajetória por mercados bastante relevantes no cenário econômico de Minas Gerais e do nosso país. Tive a importantíssima oportunidade, dada por meu pai, de começar a trabalhar jovem. Quase sempre fui (e muitas vezes ainda sou) a pessoa mais jovem e única mulher nos ambientes em que atuo.
Digno de primeira nota é o ambiente de embalagens, especialmente para alimentos e bebidas, já que para essas indústrias as embalagens são fundamentais para conservação, distribuição e venda dos produtos. O histórico nesse setor tem origem familiar, iniciada com meu avô, Fábio Figueiredo, que era caixeiro viajante e, mais tarde, especializou-se na venda de embalagens. Anos depois, seus filhos assumiram o negócio, dentre eles meu pai, que também era chefe de cozinha e muito visionário. Sua curiosidade e inteligência contribuíram para que várias novidades em embalagens e em produtos chegassem ao Brasil e mudassem nossa forma de consumo e nosso dia a dia.
Foram justamente as demandas internacionais de máquinas, equipamentos e materiais que ensejaram o trabalho com comércio internacional: era necessário importar os itens para os clientes. A empresa de importação e exportação pegou o boom do comércio internacional, com a então recém abertura do mercado brasileiro e dólar com paridade com o real. Naquela época, vários outros itens eram importados em grandes quantidades, o que permitiu um vasto aprendizado.
Contudo, percebia que sempre que tratávamos de negócios de maior vulto ou, por exemplo, com necessidade de financiamentos por entidades de fomento nacionais e/ou internacionais, era necessária a intervenção de algum advogado. Daí veio a intenção em cursar Direito para viabilizar negócios.
No entanto, o flerte com o Direito começa um pouco antes: já na escola do Sebrae, elaboramos em grupo um trabalho que consistia em criar um modelo de negócios inovador. Esse modelo de negócios poderia ser vendido, e houve procura para o modelo que idealizei com três colegas. E como seria possível vendê-lo se, na época, éramos o que se chama “menor impúbere”, o que implicava em restrições para o que podíamos ou não fazer na esfera jurídica? Era uma questão que até os dias de hoje representaria desafios, mas não por isso deixei de elaborar o formato e o documento para realizar a venda, que foi submetido à revisão da então professora de Direito na escola, Dra. Emília Facchini, então advogada da FIEMG, que posteriormente se tornou desembargadora do TRT de Minas Gerais (3ª Região). Junto com as críticas positivas veio o convite a considerar seriamente a profissão, o que, confesso, me deixou bastante feliz. Ainda naquele semestre, a simulação de dissídio coletivo da categoria de refrigerantes em Minas Gerais com minha atuação como advogada do sindicato patronal arrancou boas risadas da Professora: ainda gosto de pensar que o humor é a melhor alternativa para ultrapassarmos obstáculos difíceis em nossos desafios.
Concluído o segundo grau, iniciei o curso de Direito na então festejada Faculdade de Direito Milton Campos, que ocupava orgulhosamente, em conjunto com a PUC Minas e UFMG, o podium de melhores faculdades de Direito do estado.
Foi lá que conheci a Germana, sem sequer imaginar que 15 anos depois nos tornaríamos sócias.
Dentre nosso grupo de amigas até hoje inseparáveis, temos procuradoras, servidoras de tribunais, juízas, e somente nós duas advogando, felizmente juntas!
Mas antes de chegarmos nos dias atuais, houve espaço para a atuação em diferentes mercados para além do universo de embalagens, máquinas para embalagens e processos alimentícios e comércio internacional em geral. Tive a oportunidade de atuar com o mercado de trens e rodas elétricas,
sim, uma mineira que trabalhou em uma fábrica de trens!
que permitiu conhecimento sobre a malha ferroviária brasileira e a operação dos clientes – logística.
A atuação em escritórios consolidados em Belo Horizonte desde o início de 2005, logo após minha formatura, permitiu o trabalho com empresas e demandas mineiras tradicionais, como mineração, siderurgia, engenharia e infraestrutura pesada, prestação de serviços em geral e comércio. Essa trajetória foi concluída em dezembro de 2015, quando migrei para minha atuação independente, e o escritório nasceu em junho de 2016.
Também permeou toda a minha trajetória o mercado de moda mineiro, considerando a atuação da minha mãe no setor. Viemos a descobrir mais tarde que meu bisavô, pai do meu avô materno, era alfaiate, assim como seu pai em Portugal – meu trisavô.
A atuação próxima nos levou a montar uma startup juntas (modacad.com.br), a qual, por sua vez, me levou a atuar com startups e empresas de base tecnológica.
Modacad – www.modacad.com.br
E foi por causa da Modacad e da atuação com as demandas específicas de startups que nasceu a Comissão de Direito para Startups da OAB/MG, da qual fui fundadora em 2017 e presidente até 2021. Essa foi a primeira oportunidade de acompanhar e contribuir para a atuação da OAB, bem como de colaborar com o processo legislativo nas esferas municipal, estadual (MG) e federal. Sem dúvida, foi um momento áureo da tecnologia, inovação e empreendedorismo em Belo Horizonte e Minas Gerais, em que tive a oportunidade de liderar a realização de um número expressivo de eventos, palestrar em centenas deles por todo o Brasil, promover e coordenar no Brasil iniciativas internacionais, como o Global Legal Hackathon, maior competição de Direito e Tecnologia do mundo, e o World Legal Summit, iniciativa para regulação da tecnologia em escala global.
Global Legal Hackathon (2020)
World Legal Summit (2019)
Foi em meio a este cenário que convidei a Germana para trabalharmos juntas. Foi um mergulho no mundo da Comissão de Direito para Startups e na tecnologia no Direito. Além do atendimento dos clientes, realizamos diversos projetos juntas, tornando os dias bastante agitados e cheios de demandas não usuais para a realidade de um escritório de advocacia.
Justamente considerando a peculiaridade do ambiente da tecnologia e inovação, que tem linguagem própria, que surgiu a ideia de um projeto que buscasse conscientização sobre a importância de projetos inovadores contarem com uma boa estruturação e aconselhamento jurídico.
Nasce o The Legals, projeto do escritório para o atendimento das startups em suas demandas jurídico-empresariais, normalmente não usuais e que demandam não só experiência sólida em procedimentos antes usados apenas por grandes empresas, como conhecimento profundo das práticas de mercado e de seus atores. No momento da elaboração desse relato estamos comemorando 5 anos desse projeto!
Germana Barros e Paula Figueiredo celebrando 5 anos do Projeto The Legals!
Em meio a tanto agito, surge quase que por acaso uma oportunidade: dar mentorias, tanto de Direito quanto de empreendedorismo. Desde então, equipes e centenas de pessoas já foram atendidas, dos quatro cantos do Brasil, para estruturarmos seus projetos de empresas e atuação independente. Essa é uma atividade tão especial e gratificante que sempre terá espaço na minha agenda agitada.
A pandemia nos ensinou que não precisaríamos mais de sede física para funcionar – embora nosso escritório fosse um show à parte, com vista de toda a cidade de Belo Horizonte, com estagiários de quatro patas fiscalizando atentamente o trabalho.
No entanto, como nossa atuação é eminentemente estratégica, a proximidade dos clientes ocasionou a abertura, em 2021, da filial do escritório em São Paulo, com minha mudança para a terra da garoa. Já são três anos de muito crescimento por aqui!!
Ponte Octávio Frias de Oliveira – São Paulo/SP
Assim fui tecendo a colcha de relações e conhecimentos que permitem que apoiemos nossos clientes para além da assessoria jurídica estratégica: entregamos a realização de negócios por meio de ferramentas jurídicas.
O escritório foi pensado para viabilizar o atendimento direto por nós, de forma rápida e acessível. Trabalhamos para ser a referência de confiabilidade e efetividade com a qual nos comprometemos. Ficamos em speed dial nas agendas de nossos clientes, assim como ficam seus entes queridos, médicos e amigos. Nos orgulhamos em termos a confiança de nossos clientes e esperamos poder ter você e seu projeto entre eles. Será um prazer!
Paula Figueiredo
(São Paulo, novembro/2024)